Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS E NÃO INVASIVOS PARA O CONTROLE DA DOR NO PARTO HUMANIZADO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Nazaré Socorro Oliveira Afonso, Gabriela Farias Lima, Erica Kassia costa Gonçalves, Felipa Mahira Calandini Tembé, Jayme Krysnei Borges Lopes, Maria Lucivania Texeira Ribeiro, Nayara Carneiro Corrêa, Lorena Saavedra Siqueira

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


APRESENTAÇÃO: O processo de parturição é um estado de fisiológico representado por uma complexa resposta adaptativa neuroendócrina, ao contrário de outras experiências dolorosas, este processo de dor natural do trabalho de parto e não está associado a uma patologia. Conceitualmente, a dor é definida pela Sociedade Internacional para o Estudo da Dor (IASP) como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão tecidual ou descrita em tais termos. Os Métodos Não Invasivos e Não Farmacológicos para alívio da dor aplicados ao longo do trabalho de parto, são uma das tecnologias de cuidados utilizados, principalmente, pela equipe de enfermagem no centro obstétrico. Vale ressaltar que tais métodos são estruturados cientificamente, e o seu uso vem sendo alvo de estudos desde a década de 60, entretanto, passaram a ser introduzidos de fato nas maternidades brasileiras a partir da década de 90, com o movimento de humanização do parto e nascimento junto às recomendações do Ministério da Saúde para assistência ao parto. Para o Ministério da Saúde, o conceito de atenção humanizada é amplo e envolve um conjunto de conhecimentos, práticas e atitudes que visam à promoção do parto e do nascimento saudáveis e a prevenção da morbimortalidade materna e perinatal.  Apesar de tais métodos possuírem uma base científica sólida, a sua aplicação não necessita de aparatos tecnológicos , nem técnicas complexas, podendo ser realizado pela própria parturiente com auxilio do acompanhante da escolha da mesma. Além do alívio da dor estes métodos são importantes para o apoio psicológico da gestante, pois ao ter um contato com a equipe assistencial e com o seu acompanhante é gerado um sentimento de segurança e apoio, contudo, o trabalho de parto transcorre com mais tranquilidade. Os Métodos Não Invasivos e Não Farmacológicos para o alívio da dor são diversos, a sua aplicabilidade varia de acordo com o perfil da gestante, nesse estudo foram utilizados os seguintes métodos: exercício respiratório, massagem, deambulação, banho de aspersão e o exercício na bola suíça. Esse relato tem como objetivo descrever a experiência vivenciada pelos acadêmicos de enfermagem ao aplicar os Métodos Não Invasivos e Não Farmacológico para o alívio da dor em mulheres na fase ativo do trabalho de parto. DESENVOLVIMENTO: O estudo trata-se de um relato de experiência vivenciado pelos acadêmicos do curso de graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal do Pará (UFPA), durante a prática clínica na atividade curricular Semi-internato em Enfermagem Obstétrica e Pediátrica, ocorrido em Junho de 2017, em um hospital de referência materno infantil no estado do Pará. Neste período os alunos, sob a supervisão de uma preceptora, desenvolveram atividades relacionadas à assistência de enfermagem durante o trabalho de parto e parto, com ênfase para o desenvolvimento de técnicas não farmacológicas para o controle da dor, contemplando as necessidades do binômio mãe-bebê A utilização de métodos não farmacológicos objetivam amenizar o estresse fisiológico e aumentar o grau de satisfação da parturiente. As atividades iniciaram na avaliação de risco da instituição onde foram realizadas consultas de enfermagem pelos acadêmicos, entender o fluxo do atendimento, a rotina da instituição e por fim assistir as mulheres em trabalho de parto. RESULTADOS: O atendimento prestado as parturientes assistidas pelos acadêmicos, enfatizou-se no uso de técnicas Não Farmacológicas e Não Invasivas para o alívio da dor, contribuindo assim para a construção da experiência, tanto para a parturiente quanto para os acadêmicos. A assistência ao trabalho de parto foi realizada com as parturientes na fase ativa, presentes na sala do PPP (sala de Pré-parto, Parto e Pós-parto), os principais métodos utilizados foram: massagem lombossacral, exercício respiratório, deambulação, banho de aspersão e o exercício na bola suíça.  A massagem lombossacral mostrou-se uma intervenção eficaz no alivio da dor, promoveu conforto físico e alterações comportamentais positivas de acordo com a resposta da mulher ao método terapêutico. A técnica foi realizada principalmente durante as contrações uterinas e mostrou-se um método de alta eficiência, promoveu relaxamento, reduziu a sensação dolorosa e o estresse. Os acompanhantes foram instruídos quanto à realização da técnica, a fim de inclui-los no processo. Logo, além de oferecer conforto a gestante, estreitaram-se os laços afetivos entre os acadêmicos, parturiente e a família.  O exercício respiratório foi utilizado para retirar o foco doloroso, com objetivo de estimular o processo de respiração normal. A técnica utilizada salientava o aspecto lúdico para o repasse do método de respiração onde foram usadas as frases “cheire uma flor” para estimular a inspiração pelo nariz e “sopre uma vela” para orientar a expiração pela boca, favorecendo a melhora da circulação de oxigênio no organismo e a regulação da cadencia do ritmo respiratório, ampliando a tolerância ao desconforto causado pelo estímulo doloroso das contrações uterinas. Com esta técnica foi viável notar que nível de ansiedade aplacou e houve aumento a tolerância dolorosa, encorajamento, vigor, bem-estar físico e psicológico. A Deambulação foi incentivada as parturientes com o objetivo de estimular o aspecto natural do parto, auxiliando no processo de esvaecimento e dilatação do colo uterino. Este método proporciona liberdade para a parturiente sendo encorajada a movimentar-se a assumir qualquer posição vertical que considere adequada, desconstruindo a imagem do modelo hospitalocêntrico onde as mulheres eram obrigadas a permanecer na posição ginecológica. Com a utilização da técnica observou-se, diminuição do tempo do trabalho de parto, melhora da contratilidade uterina, além de oferecer conforto e autonomia às parturientes. O banho de aspersão com água quente é um método de estimulação cutânea, realizado a uma temperatura média de 37ºC, está positivamente associado com o alívio da dor e ansiedade durante o trabalho de parto com redução dos níveis dos hormônios neuroendócrinos relacionados ao estresse, melhora no padrão das contrações, podendo prevenir até possíveis distorcias relacionadas às contrações uterinas.  Durante a aplicação do método observou-se o sentimento de conforto por parte das parturientes. O exercício na bola suíça é sugerido às parturientes com o propósito de acelerar o esvaecimento e dilatação do colo uterino, facilitar a descida e a rotação da apresentação fetal, a técnica se dar na adoção da posição vertical, sentada sobre a bola, com um discreto balanceio pélvico, este exercício trabalha os músculos do assoalho pélvico dando a parturiente liberdade de movimentos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Ao final da experiência consideramos imprescindível a utilização destas intervenções consideradas inovadoras durante a fase ativa do trabalho de parto que contribuíram para o alivio da dor, gerou nas mulheres o sentimento de autonomia, autoestima, conforto, segurança e principalmente calma durante o processo. Tais medidas colaboram com mudanças de padrões de atitudes e comportamentos intervencionistas favorecendo a disseminação do parto normal respeitando os programas e políticas públicas governamentais no que se refere a assistência do parto. Salientamos também a orientação prestada pela enfermeira docente que demonstrou alto grau de comprometimento para com a propagação do parto humanizado colaborando significativamente com a formação do perfil profissional dos acadêmicos. As gestantes reagiram a assistências prestadas através de relatos, agradecendo e elogiando a postura dos acadêmicos ainda ressaltando o quanto aquele momento foi especial e único. Para os acadêmicos a oportunidade de colocar tais conhecimentos em prática foi valioso para a construção de Enfermeiros éticos e acima de tudo humanos, este trabalho não teve apenas cunho cientifico, mas também foi uma verdadeira lição de respeito ao próximo.

 


Palavras-chave


métodos não farmacológicos; parto humanizado