Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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DIÁLOGOS SOBRE AS EXPERIÊNCIAS NO ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA NO CARIRI - CEARÁ
maria de lourdes goes araujo, Grayce Alencar Albuquerque, Olga maria Alencar, Priscila Chagas da Costa, Frederico rafael Gomes de sousa, Weslley sousa cavalcante

Última alteração: 2018-06-28

Resumo


O presente trabalho trata-se da sistematização de um caderno pela Escola de Saúde Pública do Ceará divulgando os dados da violência contra a mulher na região do cariri cearense, coletados pelo Observatório da Violência do Cariri da Universidade Regional do Cariri - URCA. Essa parceria se deu no contexto da Campanha dos 16 dias de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher - 2017, na qual fez parte a apresentação dos dados coletados pelo Observatório. O caderno DIÁLOGOS SOBRE AS EXPERIÊNCIAS NO ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA NO CARIRI – CEARÁ apresenta a sistematização num esforço conjunto por considerarem a importância dos dados como subsídio às políticas públicas e, principalmente, como instrumento de sensibilização de estudantes, profissionais e população em geral, sobre a realidade da região no que se refere à violência cometida contra as mulheres. Os dados coletados permitem o levantamento do perfil das mulheres vítimas, perfil das notificações pelo setor saúde, dos registros de ocorrências nas delegacias da região e perfil dos agressores. O Caderno consta de uma parte introdutória, com uma breve discussão sobre a violência contra a mulher, sua relação com a saúde, alguns dados nacionais, uma apresentação sobre o Observatório e uma segunda parte com os dados coletados em tabelas e gráficos, associados a uma breve análise dos dados. Foram trabalhadas informações dos três maiores municipios da Região: Juazeiro do Norte com uma população de 249.939 hab. Crato 121.428 hab. e Barbalha 55.323 hab. que constituem a região metropolitana do Cariri. Os dados foram coletados: Segurança Pública: Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) em Juazeiro do Norte e Crato; Delegacia Regional de Crato; Delegacia de Barbalha; Setores da Saúde: Vigilância Epidemiológica das Secretarias de Saúde em Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha; Centro de Referência da Mulher (CRM) em Juazeiro do Norte e Crato. Em relação ao perfil das mulheres vítimas nas DDM foram verificadas respectivamente: Juazeiro 1162 ocorrencias, com uma amostra de 86,74%; Crato 771 ocorrencias, amostra 62,12%; e Brabalha 1933 ocorrencias amostra de 76,92%. Ao se realizar o somatório dos registros coletados nas DDM e nos demais campos de coleta, foram coletadas informações de 1856 notificações (entre Boletins de Ocorrência + Flagrantes + Atendimento em serviços de saúde, incluindo o CRM), dos quais se descreveu o perfil das vítimas. Quanto a distribuição por grupos, verificou-se: em Juazeiro um total de 1.187 mulheres agredidas, sendo, 2% crianças, 5% adolescentes, 87% mulher jovem e adulta, 4% idosa, 25 LGBT e outros; no Crato um total de 632 mulheres, sendo, 1% crianças, 3% adolescentes, 90% mulher jovem e adulta, 6% idosa, 25 LGBT e outros não pontuou; Barbalha um total de 54 mulheres, sendo, 17% crianças, 17% adolescentes, 66% mulher jovem e adulta, idosa e LGBT e outros não pontuou. Em relação a número de filhos(as) de mulheres vítimas da violência verificou-se nos três municipios a mesma tendência: 1º lugar 1 filho(a), 2º lugar 2 filhos(as), 3º lugar sem filhos(as), apresentando um percentual significado de ignorado variando entre 76% - Brabalha, 48% Crato e 37% Juazeiro. Quanto a idade das mulheres a maior prevalência foi no grupo etário de 30 a 59 anos variando entre 37% a 55%, seguida da faixa etária de 18 a 29 anos, variando entre 24% a 30%. No quesito cor/raça verificou-se que de 88% a 36% não registraram a informação e nos registros foi encontrado em Juazeiro e Crato em 1º lugar parda seguido de preta e branca; em Barbalha foi identificado em 1º lugar preta seguida de branca. Em relação ao estado civil das mulheres verificou-se a mesma tendência nos três muncipios; 1º lugar casadas de 24% a 35% , 2º lugar solteiras de 12% a 32% e em 3º lugar separadas de 11% a 28% . Em relação ao tempo de relacionamento das mulheres com os agressores a maioria das mulheres tiveram mais de 4 anos de relacionamento até o momento da agresão, variando entre 22% a 36%. Em relação a idade dos agressores verificou-se prevalencia na faixa superior a 29 anos. Em relação ao vínculo com o agressor verifiou-se em 1º lugar ex-conjugues, 2º lugar conjugues, 3º lugar ex - namorados. Quanto ao consumo de alcool pelos agressores no momento da agressão 1º lugar ignorado com 47%, 2º lugar não relatou consumo 27%, 3º lugar alcoolizado com 26%. Quanto a residencia das mulheres 1º lugar urbana com 88%, 2º lugar rural com 8%. Já em relação a Zona de ocorrencia da agressão: Urbana 85% e rural 9%. Horário da ocorrência: 1º lugar noite 33%, tarde 26% e manhã 25%. Local da ocorrência: casa/domicilio 70%, Via urbana 12%. Registro de correncia repetida: 44% mais de uma vez, 44% ignorado, e 12% unica vez. Motivação/argumento para agressão: 26% sexismo, 11% conflito geracional. Tipos de violencia: 1º lugar ameaça com 38%, 2º lugar física 24%, 3º lugar psicológica 23%. Tipo de agressão 1º lugar enforcamento com 36%, 2º lugar objeto pérfuro cortante 33%, 3º lugar força/espancamento 22%. Número de agressores: 92% um agressor e 6% 2 ou mais. Esperamos que este Caderno possa ser, amplamente, utilizado pelo público-alvo da Escola de Saúde Pública, principalmente os residentes da Residência Médica e Residência Multiprofissional; da universidade; estudantes; professores(as); e demais interessados. Esperamos, também, que o Caderno seja utilizado pelos gestores(as), que trabalham em prol das políticas públicas, voltadas às mulheres da região do Cariri e outras interessadas.


Palavras-chave


violencia contra a mulher; tipos de violencia; politicas publicas