Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
MEDICINA POPULAR E AS IMPLICAÇÕES NO COTIDIANO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Yaagho Aurelio Benevides Maia Figueiredo, Victor Nei Vasconcelos Monteiro, Erica da Silva Carvalho, Gizelly de Carvalho Martins

Última alteração: 2018-01-22

Resumo


Apresentação O objetivo do estudo é abordar sobre as vertentes da medicina, pois mesmo com o grande desenvolvimento da medicina convencional, a popular ainda se faz muito presente na sociedade, principalmente entre as famílias mais carentes ou por questão cultural. Essas famílias buscam meios alternativos através da medicina popular para a prevenção ou a cura de enfermidades, sendo as plantas medicinais as mais utilizadas para isso. Ao contrário do que muitos pensam, os métodos populares trazem benefícios para a comunidade e com isso o estudo sobre esse assunto entre os profissionais de saúde deve ser estimulado para que assim estejam mais preparados ao lidarem com esses pacientes, em especial no Sistema Único de Saúde (SUS), devido à íntima interação com a comunidade. Os profissionais deparam-se com diversos casos em que o conhecimento popular é utilizado na cura e reabilitação, sabendo-se que os métodos populares existem há muito tempo e continuam sendo utilizados na procura de soluções para problemas de saúde pelas famílias, não se pode ignorar essa situação, e sim, interagir com seus costumes para entender melhor seu paciente. Descrição da Experiência Este relato de experiência foi baseado a partir da matéria História da Medicina. O trabalho foi desenvolvido da entrevista realizada com uma senhora que utiliza plantas terapêuticas, a qual atua na igreja católica São Mateus, realizada no mês de maio de 2017; foi abordada durante seu trabalho utilizando plantas medicinais, o que evidenciou a relação entre a medicina convencional e a popular. Fica claro que o saber popular é de extrema importância para que os profissionais de saúde pensem de forma mais abrangente e eficaz, juntando seu conhecimento com o dos pacientes, e assim conseguindo chegar mais rápido a um diagnóstico e tratamento de sucesso.  O cuidar da saúde é do paciente e cabe ao profissional desenvolver da melhor forma esse auto cuidado. Os efeitos percebidos decorrentes da experiência No inicio desse relato, o objetivo do trabalho era apenas realizar uma entrevista com algum curandeiro, para depois demonstrar à turma da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESA) que a medicina empírica não possui nenhum vinculo com a convencional. Porém, durante a entrevista com a senhora que atua na igreja católica São Mateus, observando os serviços que ela presta à comunidade com suas plantas medicinais e à quantidade de pessoas que vão a sua procura, com isso notou - se a necessidade de uma visa mais holística, com o intuito de demonstrar esses fatos e entender que a medicina convencional e a popular apesar de suas diferenças possuem algumas semelhanças. Como uma parte significativa da população brasileira não possui acesso aos medicamentos comercializados, o uso das plantas medicinais se torna uma das principais alternativas na busca pelo tratamento de doenças. Fato este que motivou que essa senhora deixasse sua profissão de enfermeira no Maranhão para fazer cursos sobre plantas terapêuticas no Instituto Nacional de Naturopatia Aplicada (INNAP), no Paraná, sua terra natal. O seu conhecimento sobre plantas medicinais e sua generosidade têm ajudado bastante a comunidade na qual ela atua. Ela fornece chás, pomadas, garrafadas que ajudam a curar ferimentos, dores, entre outras situações e sempre deixa claro que além desses tratamentos a pessoa precisa buscar o auxilio de um médico. O estudo também demonstrou a relevância das plantas terapêuticas para a sociedade e a importância do entendimento dos profissionais de saúde sobre esse assunto, a medicina popular possui uma papel importante entre a população carente, pelo fato de ser um meio alternativo para quem não pode comprar os medicamentos alopáticos, e com a diversidade da flora do Brasil, especialmente na região norte, a utilização de plantas medicinais pode ser muito bem aproveitada para fins terapêuticos, levando em conta a saúde adquirida de forma natural, por exemplo, as plantas utilizadas pela senhora da entrevista são cultivadas por ela mesma no quintal da igreja católica São Mateus, como: planta guaco, pariri, boldo, gengibre, picão-preto, entre outras. Claro que nem todos que atuam com plantas medicinais passaram por uma especialização igual à dessa senhora, entretanto isso não quer dizer que a utilização desse meio em si seja algo ruim para a sociedade. Esse problema pode ser atribuído, principalmente, porque não há muitos cursos de especialização sobre esse assunto ou sobre fitoterápicos, ao alcance das pessoas que buscam meios alternativos de tratamento, tornando assim, esse conhecimento mais como uma tradição cultural, adquirido de geração a geração, como nos interiores dos estados, onde a falta do acesso aos medicamentos alopáticos é maior. Além disso, essas pessoas que atuam com plantas medicinais, muitas vezes, são parte integrante da comunidade, da cultura e das tradições locais e importantes aliados na organização de medidas para aprimorar a saúde da comunidade, como afirma a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, Alma-Ata. Ao invés de considerar a medicina popular e a convencional como práticas totalmente distintas, o ideal é tê-las como complementares uma da outra. É muito importante incluir uma matéria sobre plantas medicinais na grade curricular de todos os cursos da área da saúde, bem como especializações em instituições públicas para os profissionais interessados, como ocorre na Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e no INNAP. O profissional de saúde precisa ter um entendimento amplo sobre a questão sociocultural e as limitações dos usuários com os quais trabalham, respeitando suas diferenças, especialmente dos que atuam na atenção primária. Assim os profissionais poderão orientar os pacientes da melhor forma sobre quais medicamentos podem e quais não podem ser substituídos,  trabalhando em parceria com as práticas populares e, principalmente, integrando essas pessoas no sistema de saúde. Considerações finais A intenção do trabalho não foi demonstrar qual forma de tratamento é melhor e nem que deve ser aceito todos os tipos de terapias populares, e sim, evidenciar que muitos ainda utilizam a medicina popular, cuja contribuição é muito importante para algumas comunidades. Além disso, o mais adequado é ter no Brasil um aumento nas pesquisas relacionadas às plantas medicinais, buscar os benefícios da grande biodiversidade do país, e também incentivar com cursos optativos sobre esse assunto para estudantes de saúde durante a sua graduação, para assim darem um maior auxilio e integrar as pessoas que ainda utilizam esses meios alternativos de terapia. É um assunto que precisa ser mais bem debatido e explanado para que haja um aprofundamento em relação às melhores formas que os profissionais possam associar-se com essa situação, e assim, as vertentes da medicina possam ser complementares com o objetivo fundamental de obter o bem estar da população e se adequar as suas necessidades. Este relato teve o termo de consentimento livre e esclarecido da entrevistada. 


Palavras-chave


Medicina Popular; Plantas Medicinais; Profissionais da Saúde.