Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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EXPERIENCIANDO O OSCE NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM: DESAFIOS E PERSPECTIVAS
ROSANGELA DINIZ CAVALCANTE, RAQUEL MIRTES PEREIRA DA SILVA, DIEGO BONFADA, Lorrainy da Cruz Solano, CESAR CAVALCANTI DA SILVA

Última alteração: 2018-01-22

Resumo


INTRODUÇÃO: Na era digital onde a população em sua maioria, tem acesso à internet e a uma avalanche de informações de vários gêneros, formas e gostos, a condução do processo ensino/aprendizagem têm se tornado cada vez mais desafiadora. Rever as maneiras de sentir, pensar e conduzir o processo ensinar/aprender como parte significativa no andar a vida de estudantes, professores e instituições formadoras é essencial para a formação de futuros profissionais de saúde na contemporaneidade. Para tanto, o curso de graduação em enfermagem do Campus Caicó da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte vem experienciando a recondução de suas disciplinas por meio da utilização de novas metodologias, no intuito de minimizar as lacunas existenciais que permeiam a formação de seus estudantes no que diz respeito a avaliação por competências. Cabe ressaltar, que compreendemos o ensino por competências como aquele capaz de permitir ao estudante, desenvolver a sua capacidade de articular conhecimentos, habilidades e atitudes para conduzir situações reais e solucionar problemas e dilemas da vida profissional futura, compreendo seu papel no trabalho coletivo em saúde. Nesse sentido, o OSCE (objective strutured clinical examination) é um dos métodos que tem como objetivo auxiliar na avaliação por competências clínicas. Ele permite ao estudante de saúde/enfermagem uma simulação de uma determinada situação real, onde se faz necessário colocar seus conhecimentos adquiridos para conduzir sua atuação na perspectiva de despertar em seu processo de formação, autonomia, iniciativa, capacidade de resolutividade e habilidades práticas. Esse método permite ao estudante encontrar por ele mesmo a solução de um determinado problema, avaliando de maneira amplificada as competências necessárias à sua prática profissional e que são essenciais para a execução da atividade. OBJETIVO: Trata-se de um relato de experiência a partir da vivência de docentes na utilização da metodologia OSCE como estratégia avaliativa para abordagem de procedimentos e técnicas na aprendizagem por competências clínicas em um curso de graduação em enfermagem. METODOLOGIA: A experiência foi realizada com alunos do 4º período na disciplina bases da semiologia e semiotécnica nos meses de agosto, setembro e outubro de 2017. O local para execução da atividade foi o laboratório de semiotécnica da referida instituição. A escolha pelo método se deu a partir da identificação de fragilidades nas avaliações práticas desenvolvidas e apontadas pelos discentes que já cursaram anteriormente a disciplina. Após oficinas de estudos sobre o OSCE, na qual foi feito um levantamento bibliográfico sobre a temática, além de observação e participação em avaliações em outras instituições que já utilizam esse método, o grupo de professores da disciplina decidiu pela utilização dessa estratégia metodológica como avaliação dos seus conteúdos práticos. O OSCE tem particularidades que precisam ser respeitadas, dentre elas: número, tipo e duração de cada estação, quantidade de participantes, quais competências avaliar, uso e construção de checklists, dentre outros. A disciplina em questão foi avaliada em três unidades, as quais, cada uma foi composta por uma avaliação teórica e uma avaliação prática. Os conteúdos práticos foram cumulativos e o nível de complexidade aumentava a partir dos conteúdos ministrados seguindo a sequência céfalo-podálico. No início do semestre a coordenadora da disciplina expôs para a turma como o método seria desenvolvido durante as avaliações e esclareceu dúvidas que surgiram no dia a dia da condução do método. O planejamento das estações do OSCE se deu inicialmente pela escolha dos conteúdos a serem avaliados: 1ª unidade: Lavagem básica das mãos, calçagem de luvas estéreis e exame neurológico; 2º unidade: Lavagem básica das mãos, exame físico do tórax e abdome, Sondagem nasogástrica e Administração de medicação; 3ª unidade: lavagem básica das mãos, exame físico de cabeça e pescoço, cateterismo vesical, administração de medicação e aspiração de secreção. Seguido a isso a elaboração dos casos clínicos de cada conteúdo com os seus respectivos checklists. Todos os conteúdos foram revisados pelos docentes para minimizar possíveis erros na condução do processo avaliativo. Com a ajuda do técnico do laboratório, todo o material e equipamentos necessários foram previamente separados. Além disso, fez-se necessário estipular um tempo a ser destinado para execução dos procedimentos em cada uma das estações. Para melhor organização do tempo e tornar a atividade menos cansativa foi destinado (02) dias para execução de cada unidade. Para definição do tempo de cada estação, simulações prévias foram feitas pelos docentes. No entanto, foi considerado que os mesmos são mais hábeis que os discentes e por isso houve um acréscimo de 02 minutos após o docente encerrar o procedimento e mais 01 minuto para leitura do caso e comando da questão. Após todas as etapas necessárias de planejamento a atividade foi desenvolvida. Foram formados circuitos onde todos os discentes realizaram os comandos de forma simultânea e rotativa. RESULTADOS: A avaliação de cada unidade se deu na aula seguinte após a realização do OSCE. Optou-se pela avaliação processual para que falhas fossem corrigidas ainda durante o semestre que a disciplina estava sendo ministrada. Como pontos positivos foram apontados: o método exige que o aluno otimize seus estudos a partir da procura maior ao laboratório e a monitoria para treinar os procedimentos; estimula a habilidade de comunicação necessária para que a assistência seja instituída; se aproxima ao máximo de uma situação real dentro de um espaço protegido; simulações semelhantes para todos os discentes; o tempo pré-estabelecido faz com que os envolvidos entendam que em situações reais temos que nos tornar hábeis de maneira qualificada; o feedback feito após o término de cada estação identifica onde os estudantes erraram e como seria a forma correta do procedimento ainda dentro da estação; estimula o raciocínio clínico para a tomada de decisões assertivas. O nervosismo foi elencado como o principal ponto negativo da avaliação, por ser a primeira vez que a experiência estava sendo instituída na vida acadêmica desses estudantes. Como pontos a melhorar os discentes elencaram: tempo insuficiente para a realização de algumas estações; interrupção por parte de alguns docentes durante os procedimentos atrapalharam a concentração e realização dos mesmos; confinamento numa sala sem uso de celular e comunicação externa antes de entrarem no laboratório aumentaram o nervosismo e ansiedade; conteúdos acumulados também foi apontado como insatisfatório por parte de alguns discentes. Para os docentes esse feedback foi importante por identificar aspectos a serem melhorados na prática clínica da disciplina, permitindo a correção de falhas durante a execução do OSCE, além de permitir também o reconhecimento por parte dos discentes, da importância de atividades que estimulem a reflexão e o julgamento clínico que irão interferir diretamente na prática profissional. A atividade possibilitou a identificação daqueles estudantes que apresentam um nível maior de dificuldade, podendo o docente propor um plano de acompanhamento individual para os que necessitem. CONCLUSÃO: Outrossim, a experiência nos leva a refletir sobre a necessidade da utilização do OSCE em outras disciplinas que também apresentam o caráter prático, de maneira interdisciplinar proporcionando o alcance de habilidades e competências clínicas para a formação do enfermeiro. Além disso, é preciso pensar em otimizar espaços para aplicação de metodologias ativas no processo ensino/aprendizagem do curso, dentre eles promover uma melhor articulação com o curso de odontologia da mesma instituição e proporcionar mais atividades extramuros que permitam aos estudantes vivenciarem na vida real a dinamicidade dos serviços de saúde e as particularidades da comunidade caicoense fortalecendo consequentemente a sua formação.

Palavras-chave


enfermagem; avaliação educacional; competência clínica