Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A visita domiciliar como veículo de promoção a saúde
Ana Karoline Souza da Silva, Brenda Jamille Costa Dias, Giovanna socorro Santos silva, Tatianni Nazaré Oliveira Jacob, jamile mendes chalu pacheco, ana gabrilelle pinheiro cavalcante, stellacelly coelho toscano Brito, milena silva simas

Última alteração: 2018-04-04

Resumo


Introdução: A visita domiciliar (VD) é uma atividade realizada pela equipe de saúde da Estratégia Saúde da Família (ESF) - do Ministério da Saúde (MS) - cuja finalidade é acompanhar longitudinalmente o processo saúde-doença, em domicilio, das famílias adscritas na ESF, assim como, de atender as demandas, seja espontânea ou programada, da comunidade, já que a ESF encontra-se, geralmente, inserida na periferia dos bairros. Sendo assim, esta vem para consolidar, prioritariamente, os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) baseados na universalidade, igualdade, equidade, descentralização, integralidade e participação da comunidade. Anterior a criação das ESFs, o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), trouxe a proposta de aproximar a comunidade aos serviços de saúde, pois foi por meio desse que evidenciou-se a necessidade de atendimento em domicílio. A visita domiciliar é uma prática desenvolvida pela equipe de saúde da ESF essencial, já que esta abrange o usuário não só de forma singular, mas coletivamente, cuja finalidade é conhecer a realidade a qual está inserido, através dela é possível saber dados sociais, epidemiológicos, de saneamento, da rotina familiar, e consequentemente, prestar uma assistência adequada e integral aplicado mediante a sua realidade. Em razão de algumas adversidades, como a falta de recursos materiais, a equipe de saúde prioriza os atendimentos em visita domiciliar a alguns grupos, como pessoas com problemas de saúde controlados, a exemplo, hipertensão e diabetes, e pessoas impossibilitadas fisicamente de se locomover até a unidade de saúde, são prioridades.  Nessa perspectiva, a finalidade do presente trabalho é relatar a experiência na consulta de enfermagem em uma visita domiciliar a uma família inscrita no programa hiperdia, e quais contribuições deste para enfermagem. Descrição da experiência: A experiência exposta, se alinha a organização da Atividade Curricular Atenção Integral a Saúde do Adulto e Idoso do Curso de Graduação em Enfermagem da UFPA, foi vivenciada por acadêmicas do terceiro semestre durante as aulas práticas no mês de outubro de 2017, pelo turno da manhã, em uma Estratégia Saúde da Família (ESF) localizada no município de Belém, estado do Pará. Esta atividade envolveu um casal cadastrado no programa hiperdia, os quais residem em um bairro de grande vulnerabilidade socioeconômica, visto na precariedade infraestrutural da rede hídrica e de esgoto. Para a realização da visita domiciliar a turma foi dividida em equipes de seis pessoas para que o processo de ensino-aprendizagem ocorresse de forma satisfatória. Com isso, as discentes e a docente, acompanhadas de um ACS da área, realizaram a visita domiciliar aos usuários e, assim, as acadêmicas se dividiram em dois subgrupos de três pessoas para o atendimento ocorrer de forma simultânea. Foi utilizado um roteiro para direcionar a consulta de enfermagem, o qual continha perguntas referentes as condições sócio-econômicas, aos antecedentes familiares, a história atual da doença, as queixas atuais e as necessidades humanas básicas, além da aferição dos sinais vitais, medidas antropométricas, exame físico e, dessa maneira, identificar o estado clínico do usuário. No decorrer da consulta, foram realizadas anotações referentes as reais condições de vida observadas, as quais se referem rotina do casal, à precarização da rede de esgoto, a alimentação, uma vez que o comércio ao qual o casal trabalha e de onde advém o sustento familiar, interferia nos horários das refeições. Dessa forma, orientou-se maneiras viáveis de mudança do estilo de vida: “reduzir aos poucos o consumo da farinha”, já que percebeu-se um grande contato do usuário com esse produto; “priorizar os horários das refeições, logo, ao encerrar o trabalho pelo período da manhã e da noite, preferir as refeições”, pois foi observado que ao fechar o estabelecimento os usuários ainda permaneciam desenvolvendo atividades burocráticas do trabalho, o que tornava a alimentação desregulada; entre outras orientações, visando a promoção a saúde. Posteriormente, o grupo reuniu-se com a professora para debater questões relacionadas ao cenário da visita domiciliar, a patologia de base, nesse caso diabetes e hipertensão, o estado geral de saúde dos pacientes, os diagnósticos de enfermagem, bem como as possíveis intervenções. Dentre os diagnósticos encontrados está o “risco de doença cardiovascular relacionado a hipertensão descontrolada e circunferência abdominal”, “alimentação prejudicada relacionada aos horários irregulares evidenciado por autorrelato”, “déficit de manutenção da saúde relacionado à falta nas consultas evidenciado por não realizar exames de rotina e condições de saúde não controlada”.  Resultados: Dentre os aspectos positivos referentes a visita domiciliar pode-se destacar que esta é uma forma de intervir na realidade do usuário criando, assim, vínculos para que ele se sinta à vontade e repasse informações necessárias para que a visita domiciliar alcance um nível satisfatório. Já em relação aos pontos negativos, observa-se a falta de acompanhamento frequente do paciente, o que trás possíveis agravos de suas patologias. As dificuldades mais visíveis e predominantes encontradas foram da qualidade de rede de esgoto, dos alimentos de mais fácil acesso e pouco nutritivos, e da busca de assistência em saúde, entre outros aspectos que influenciam o estado de saúde do paciente. Entretanto, as acadêmicas observaram que a consulta de enfermagem em domicílio é primordial para a elaboração de orientações viáveis aos usuários de acordo com a particularidade de cada um, confirmando que o conhecimento técnico-cientifico adquirido em sala de aula está completamente atrelado a prática vivenciada. As discentes notaram que ao estar na residência do usuário surgiam questionamento diversificados e direcionados ao paciente como, por exemplo, a questão alimentar do casal atendido pelas estudantes, pois se tratava de uma alimentação desregulada devido o trabalho que desenvolviam, o que afetava os horários, teoricamente corretos, para as refeições diárias. Portando, foram estabelecidos pontos importantes  para definir condutas adequadas para cada problema ,tentando assim intervir da maneira mais adequada na saúde daquele individuo. Conclusão: A visita domiciliar foi de suma importância para o aprimoramento técnico e científico em caráter primordial para o atuação profissional futura.  É uma vivência que proporciona a participação e inserção das acadêmicas nas reais situações socioeconômicas dos usuários, possibilitando determinar orientações e intervenções viáveis as pessoas. Foi observada a existência de percalços para se instalar  a visita a domicílio como a perigosidade da região, o que faz a visita não se estender a um maior número de usuários. Além disso, observou-se a relevância do acompanhamento da enfermagem e da equipe multiprofissional em domicílio, bem como de uma adequada adscrição das famílias pelo ACS para identificar as potencialidades a serem atendidas e, portanto, ocorrer a educação e promoção da saúde, atendendo as especificidades de cada indivíduo. Dessa maneira, é evidente a importância do profissional enfermeiro como membro efetivo e essencial para uma visita domiciliar de eficiência, capaz de melhorar a qualidade de vida das pessoas.


Palavras-chave


estratégia saúde da família, atenção básica; enfermagem.