Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL COMO PRECEPTOR NA RESIDENCIA MULTIPROFISSIONAL DE SAÚDE DA FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ
Claudia Tereza Fonseca

Última alteração: 2018-02-09

Resumo


O presente resumo versa sobre a atuação do assistente social enquanto preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde (RMS) da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará – FSCMP e teve como objetivo identificar as dificuldades que se apresentam no cotidiano institucional em absorver a residência multiprofissional enquanto atividade do profissional de Serviço Social que atua na saúde e identificar os limites e possibilidades da preceptoria no exercício profissional. Para isso realizamos uma pesquisa qualitativa e bibliográfica sobre o tema Residência Multiprofissional em Saúde e Serviço Social utilizando-se da observação participante que permitiu conhecer o universo da pesquisa, ou seja, a relação da Residência Multiprofissional e a atuação do assistente social como preceptor e sua realidade.

A Residência Multiprofissional de Saúde da FSCMP é realizada em parceria com a Universidade do Estado do Pará (UEPA), instituição de ensino superior responsável pelos eixos teóricos transversais e a FSCMP responsável pelos eixos específicos e cenários de práticas dos residentes. A FSCMP oferece a residência multiprofissional em saúde desde 2012 tendo como área de concentração a saúde da mulher e da criança, atendendo as seguintes categorias: Serviço Social, Psicologia, Enfermagem, Nutrição, Farmácia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

Até 2012, a realidade das Residências Multiprofissionais em Saúde, estavam bem distante da Região Norte, portanto, quando de fato esta se estabeleceu como uma realidade no cenário profissional da Instituição, chegou sem ter sido discutida com as categorias profissionais, podemos até afirmar como profissional que atua na FSCMP, que a RMS primeiro foi implantada e posteriormente e paulatinamente os profissionais foram sendo informados da existência da mesma no contexto institucional.

Diante desse cenário e sem ter dado conta de preparar os profissionais da assistência para o exercício da preceptoria, sem ter apresentado o Projeto de Residência Multiprofissional em Saúde para estes profissionais, a RMS da FSCMP foi sendo acumulando problemas que têm se intensificado, no que se refere a integração ensino-serviço.

Nesse cenário, podemos citar sem medo de errar, já que estamos envolvidos nesse contexto, que os principais nós críticos são: a comunicação inadequada entre coordenação da Residência, Coordenadores/Tutores, Preceptores e residentes; ausência de canal de diálogo entre preceptores e
FSCMP/UEPA; ausência de capacitação em preceptoria e a inexistência de incentivos para que profissionais se tornem preceptores.

É nessa conjuntura que o Serviço Social está inserido, procurando se estabelecer enquanto categoria formadora de profissionais comprometidos com a efetivação do Sistema Único de Saúde e com a garantia da qualidade dos serviços ofertados, contribuindo desta forma para a integralidade ensino-serviço.

O SERVIÇO SOCIAL NA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL DA FSCMP: entre avanços e desafios

A categoria profissional de Serviço Social vem ao longo dos anos se constituindo um forte aliado das conquistas da Reforma Sanitária, bem como, vem garantindo nos seus espaços e processos de trabalho, a discussão da saúde com o viés da integralidade, com uma concepção de saúde biopsicossocial, cultural e econômico, colaborando para práticas democráticas, interdisciplinares que vêem no diálogo espaços profundos de exercício de cidadania e de protagonismo dos usuários dos serviços de saúde. É neste marco da disputa e constituição de projetos coletivos que se situa o projeto ético-político profissional da categoria e estabelece um forte e necessário vinculo com o projeto da Reforma Sanitária que defende o viés da saúde coletiva, enquanto bandeira de luta para desbancar a visão hospitalocêntrica e centrada na conduta médica.

Podemos afirma que ambos os projetos, da reforma Sanitária e do Ético Profissional do Serviço Social, se expressam na defesa da ampliação de abordagens coletivas e na prática de processos de trabalhos que priorizem a democratização de ações interdisciplinares tendo como horizonte a formação de profissionais de saúde pautada no fortalecimento do SUS.

Neste sentido os programas de RMS são estratégias de qualificação profissional que corrobora para a intervenção do Serviço Social na área da saúde, pois apresenta em sua composição uma proposta que insere as expressões da questão social, no contexto do processo saúde-doença. Portanto nos Programas de RMS perpassa a formação no serviço e os espaços de discussão teórico-prático interdisciplinar que insere o Serviço Social, enquanto reconhecidamente um profissional da área da saúde. (Resoluções do Conselho Nacional de Saúde nº. 218, de 06 de Março de 1997, e do Conselho Federal de Serviço Social nº. 383, de 1999, além da Resolução nº. 196 de 1996).

Porém necessário se faz a discussão e a visibilidade das dificuldades enfrentadas no processo de efetivação da RMS da FSCMP, mais especificamente dos problemas e limites encontrados pela categoria profissional para o exercício da preceptoria na residência. Sobre o processo de trabalho na RMS e então elencamos aos entraves/limites para a formação em serviço, foram elas:

A falta de capacitação/formação para os preceptores;

A não definição de carga horária para os preceptores orientarem os residentes;

O completo desconhecimento do conteúdo programático do eixo transversal e horário das aulas dos residentes na UEPA;

A inexistência de reuniões sistemáticas entre COREMU/preceptores/tutores e residentes para resolver esses entraves;

A ausência de diálogo entre UEPA e COREMU sobre a formação em serviço;

Não disponibilidade de carga horária para os tutores ministrarem as aulas dos eixos teóricos;

O acúmulo nas orientações de pesquisa para qualificação dos residentes do 1º ano e Trabalho de Conclusão de Residência dos residentes do 2º ano;

A ineficiência de diálogo entre Tutores e COMEMU;

E quanto aos desafios elencamos alguns, que precisam ser trabalhados com cautela e com a esperança de que é possível conseguir realiza-los, são eles:

Criar um canal permanente de diálogo entre UEPA/FSCMP;

Garantir capacitação e educação continuada aos preceptores;

Garantir carga horária na jornada de trabalho dos preceptores e tutores para garantir a formação ensino-serviço;

Possibilitar os fóruns e seminários estaduais das RMS;

Possibilitar a inserção dos preceptores-tutores-residentes nos congressos, fóruns e encontros nacionais sobre RMS;

Garantir o viés da integralidade na formação ensino em serviço;

Possibilidade a discussão da singularidade das comunidades tradicionais da Amazônia;

Implantar condições de monitoramento e avaliação da RMS, para equacionar possíveis falhas;

Não permite que a rotina do trabalho intenso, deixe de pensar a formação numa concepção ampliada de saúde;

Fomentar práticas interdisciplinares dos eixos específicos das categorias participantes da RMS.

Podemos começar as mudanças por alguns desses desafios e posteriormente ir agregando os demais. O importante é começar e permitir que as críticas feitas, possam servir como horizonte para a construção coletiva da política de saúde para a região norte, mas especificamente das populações amazonidas.

Podemos dizer que para o Serviço Social os avanços e desafios da RMS estão constituídos na relação dialética estabelecida na sociedade e, portanto, o cuidado deve estar presente na perspectiva crítica que constrói e agrega ao trabalho profissional uma relação de inclusão, escuta e reconhecimento do outro e de sua alteridade como forma de acolhimento e qualidade da atenção.

Então podemos concluir com esse trabalho que a RMS vem se constituindo ao longo dos anos uma modalidade de ensino em serviço que coadunam com os princípios do projeto ético profissional do Serviço Social e fortalecem a categoria para o enfrentamento as questões sociais evidenciadas na relação profissional/usuário.


Palavras-chave


Serviço Social; Residência Multiprofissional; Formação Profissional