Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
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Conhecimento da doença celíaca por acadêmicos de nutrição de uma instituição de ensino superior
Última alteração: 2018-01-22
Resumo
Introdução: A Doença Celíaca pode ser considerada mundialmente, como, sendo um problema de saúde pública. Caracteriza-se por uma reação inflamatória crônica, de natureza autoimune, que altera a mucosa do intestino delgado de indivíduos geneticamente suscetíveis, dificultando a absorção de macro e micronutrientes. Objetivo: Analisar o conhecimento dos acadêmicos de nutrição sobre a doença celíaca, sua terapêutica e complicações. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa. A pesquisa foi realizada no período de agosto de 2016 a junho de 2017. Participaram do estudo 12 alunos da graduação do curso de Nutrição matriculados na IES. Por se tratar de um estudo qualitativo o número de sujeitos do estudo obedeceu à saturação dos dados de maneira que a coleta de dados se deu somente até o número 12, sendo suspensa após por surgirem repetições de ideias. Como critérios de inclusão no estudo definiu-se por aqueles alunos que estavam concluindo o curso de Nutrição. Os critérios de exclusão foram os acadêmicos que não frequentem regularmente a instituição de ensino. A entrevista abordou as características sócio demográficas (data de nascimento, estado civil, ocupação, escolaridade), e uma questão ativadora aos alunos da Nutrição: qual conhecimento você tem sobre a doença celíaca? Esta foi gravada de acordo com o consentimento da entrevistada e durou o tempo necessário que o aluno pudesse falar e se sentir satisfeito com a entrevista, tendo em média de duração de 20 a 30 minutos, nos horários de término de aula ou conforme a disponibilidade do participante. O local da coleta foi definido pelo respondente, em salas livres, silenciosas, sendo a entrevista descontraída, individualizada e livre de julgamento. Os estudantes eram dos turnos ofertados para o curso (manhã, tarde e noite). A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa do Centro Universitário Estácio do Ceará com o parecer número: 2.040.493 e seguiu as normas da Resolução 510/16 do Conselho Nacional de Saúde/MS das pesquisas das ciências sociais e humanas. Resultados: A sua maioria, onze dos entrevistados (92%) eram do sexo feminino e somente um (8%) era do sexo masculino. Quanto à faixa etária, observou-se que compreendia entre 22 a 39 anos, sendo prevalente a idade de 22 anos, representando 42% dos estudantes, evidenciando alunos relativamente jovens. No que se refere à condição civil, apenas quatro eram casadas e oito eram solteiras. A maioria dos entrevistados somente estuda, correspondendo a nove (75%) e três deles estudam e realizam atividades laborais como: farmacêutica, técnico em radiologia, estagiária de nutrição. Quando indagadas se conhecia a doença na totalidade dos alunos responderam que conheciam, porém mencionaram que ”só de ouvir falar” relacionando-o ao fator desencadeador, o glúten a doença, como se observa nas falas dos respondentes: [...] é aquela do glúten? Conheço somente de ouvir falar (E2).[...] já ouvi falar em sala de aula, mas admito que sei pouco sobre a doença (E12). O pouco conhecimento dos alunos do curso de Nutrição quanto à doença celíaca pode-se dever a divulgação da doença que só veio ser mencionada mais recentemente através das ações das organizações não governamentais. O desconhecimento profissional é um dos motivos pela alta prevalência dos casos de doença celíaca sem diagnóstico. Quando questionados sobre o que sabiam sobre a doença celíaca, observou-se que as respostas, semelhante à outra realidade pesquisada, não se aproximaram do conceito da doença. [...] A D.C. é uma doença na qual a pessoa não tem, não consegue absorver o glúten que é a proteína presente no trigo, na aveia, na cevada e no centeio (E1). [...] É uma doença onde as pessoas portadoras possuem uma sensibilidade ou uma intolerância total ao glúten (E2). [...] O que eu sei é que são pacientes que têm uma intolerância ao glúten, que é algum tipo de irritabilidade que eles têm ao glúten (E3). Quanto ao conhecimento dos sinais e sintomas da doença, os acadêmicos tiveram respostas bem variadas, porém demonstraram estar cientes dos danos acometidos por ela como esteatorréia, distensão abdominal, edema e importante letargia.[...] Desconforto abdominal, distensão abdominal, diarreia. Que eu lembre só (E4). [...] Se eu não me engano as pessoas sentem dor localizada, diarreia, abdômen distendido, não me lembro mais (E8). [...] Diarreia, inchaço abdominal, perda de apetite, anemia, em algumas crianças apresenta dificuldade no crescimento, gases, dor abdominal, fadiga, fraqueza (E12). A nutrição tem adquirido cada vez mais um papel relevante, tanto no desenvolvimento, como na alteração do percurso das doenças autoimunes como é o caso da doença celíaca. O o estado nutricional é bastante importante para o equilíbrio do sistema imunitário e, desde cedo, se relacionou a incidência de doenças específicas com deficiências nutricionais locais. Intervenção da nutrição na assistência ao doente celíaco. Os estudantes, respondentes das entrevistas, mencionaram da importância do acompanhamento da Nutrição na assistência e terapêutica a pessoa com a doença celíaca, para tanto é necessário o conhecimento dos profissionais nutricionistas mais aprofundado quanto a doença e suas implicações e complicações, devendo os discentes ter ciência que a parte essencial da terapêutica destes pacientes é o acompanhamento pelo nutricionista e sua intervenção. Os alunos foram indagados quanto a intervenção do nutricionista nestes pacientes, como mostra as falas abaixo: [...] Procurar o nutricionista e fazer uma dieta com total ausência de glúten, fazendo com que ele tenha os benefícios necessários do dia-a-dia, reduzindo, zerando na realidade a quantidade de glúten, fazendo com que o paciente se alimente bem. Se ele não faz um acompanhamento nutricional isso faz com que ele tenha sintomas adversos. Então pra mim o melhor tratamento é ele procurar um nutricionista (E12). [...] Eu desconheço medicamento. Eu acho que é só dieta equilibrada, isenta desses nutrientes que causam inflamação maior no intestino do paciente (E11). Os estudos revelam a importância do acompanhamento do nutricionista para a qualidade de vida do celíaco. Quando indagados sobre quais são os alimentos permitidos na dieta isenta de glúten, observou-se um conhecimento insuficiente, como revelam as falas dos respondentes: [...] Batata doce, pães sem ter nada de trigo ou aveia, frutas, leites de modo geral e os cereais que não são do trigo (E3). [...] Tem que ter cuidado com os carboidratos simples e qualquer outro tipo de alimento que não contenha glúten. Ter cuidado com os integrais porque a grande maioria contém glúten (E8).No presente estudo, quando indagado aos respondentes sobre o diagnóstico da DC, afirmaram que:[...] São realizados exames específicos, mas antes disso, é retirado o glúten da alimentação para ver se tem uma melhora (E1). [...] É observacional. Com um tempo exclui total quando tem a suspeita. E depois coloca aos pouquinhos pra ver e chegar a uma conclusão (E9). [...] Só pode ser feito através de exames, pois tem muitos sintomas que confunde com outras intolerâncias como lactose. Só que eu lembro que demora muito o diagnóstico, então vai provocando mais a doença (E12). Os recentes avanços no conhecimento fisiopatológico da doença levaram à descoberta de novas e melhores técnicas de diagnóstico, de carácter não invasivo como, por exemplo, pesquisa de anticorpos anti-TG2 IgA no soro. Considerações Finais: Constatou-se, neste estudo, um conhecimento insuficiente pela maior parte dos participantes. Isso sugere a necessidade de os acadêmicos estarem revendo a construção de seus conhecimentos sobre essa doença, sua terapêutica e complicações.
Palavras-chave
Doença Celíaca; Alimentos, Dieta e Nutrição; Dieta Livre de Glúten.