Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2017-10-30
Resumo
O presente estudo tem o objetivo de discutir o trabalho realizado em um hospital psiquiátrico situado na cidade do Rio de Janeiro, com foco especial nos encaminhamentos realizados para a rede de saúde mental, bem como o processo de desinstitucionalização. Através da prática cotidiana desenvolvida na instituição, nota-se uma burocratização nos processos de trabalho realizados com os equipamentos da rede, mais especificamente os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Dessa forma, busca-se problematizar o binômio desinstitucionalização/desospitalização, categorias amplamente difundidas no campo da saúde mental, e como tais práticas além de não incluírem outros serviços importantes nesse cuidado, também não estão em consonância com os princípios estabelecidos e defendidos pelo Movimento de Reforma Sanitária. Tendo como elemento central a discussão das práticas desenvolvidas nos diferentes serviços, verifica-se um latente processo de reinstitucionalização desses usuários através do que convencionamos chamar no âmbito da saúde mental de “capsicômio”. Ou seja, usuários são referenciados aos equipamentos da rede sob o viés da territorialidade, mas o que se observa é a permanência de práticas ‘institucionalizantes’ e cristalizadas que pouco contribuem para a autonomia desses sujeitos. Esse debate mostra-se importante pois outras formas de intervenções e cuidado poderão ser criadas ou repensadas, reorientando o foco do tradicional tratamento asilar ofertado a essa população para a promoção da cidadania e criação de uma nova consciência e cultura sobre a loucura, em consonância com as reais perspectivas da luta antimanicomial. Enfim, uma vez compreendido que a exclusão suprime a condição humana dos usuários da saúde mental a atuação das diferentes categorias profissionais será redirecionada para um trabalho em conformidade com os direitos fundamentais, a dignidade da pessoa humana e, finalmente, a reformulação do modelo de tratamento.