Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Relato de experiência: reflexões acerca da articulação intersetorial no cuidado às pessoas com deficiência a partir de uma oficina temática
Patricia Marcante Soares, Camila Dubow, Suzane Beatriz Frantz Krug, Morgana Pappen, Marta Regina Mueller, Edna Linhares Garcia, Maria Carolina Magedanz

Última alteração: 2017-12-14

Resumo


Apresentação:

Aspectos implicados com a saúde das pessoas com deficiências são de grande relevância para a Saúde Coletiva, afetando e transversalizando muitas outras áreas de conhecimento. Apesar disso, a Educação Permanente em Saúde voltada à consolidação da rede de cuidados  ainda é uma temática pouco praticada e debatida em âmbito local, regional e estadual, embora de grande relevância para a qualificação das ações em saúde para as pessoas com deficiência, uma vez que grande parte das dificuldades no âmbito da atenção à saúde dessa população está relacionada à organização dos processos de trabalho, aos mecanismos de gestão, à capacidade instalada e às limitações dos processos de Educação Permanente em Saúde.

Dessa forma, mostra-se necessário ativar a interlocução da Rede de Cuidado à saúde da pessoa com deficiência com outras áreas, além daquelas relacionadas diretamente à reabilitação, destacando-se o papel fundamental da Atenção Básica nesse processo. Nesse contexto, o enfoque multi e interdisciplinar das ações propostas pelo projeto “Estratégias de Educação Permanente em Saúde na Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência” subsidia e fortalece o processo de implementação desta rede e de suas estratégias de Educação Permanente em Saúde nos 13 municípios da 28º Região de Saúde do Rio Grande do Sul (RS), uma vez que visa modificar os processos de trabalho dos atores implicados com esta rede. O projeto contemplado no Prêmio INOVASUS/2015 desenvolve-se em parceria da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e 13ª Coordenadoria de Saúde, com apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e Ministério da Saúde.

Uma das ações realizadas pelo projeto constitui-se de oficinas e grupos de trabalhos cooperativos, com foco no processo de trabalho voltado à atenção à saúde das pessoas com deficiência. As oficinas permitem a formação de multiplicadores, possibilitando a dispersão e disseminação das estratégias de educação permanente nos locais de origem dos mesmos, incentivando-se um diálogo com os trabalhadores, gestores e usuários de forma a intermediar e problematizar as situações de saúde relacionadas à saúde das pessoas com deficiência.

 

Objetivo:

Relatar atividade de educação permanente em saúde voltada à Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência na 28ª região de saúde do RS

 

Desenvolvimento do trabalho:

A oficina intitulada “Articulação Intersetorial no Cuidado às Pessoas com Deficiência” teve a participação de 40 profissionais da área da saúde, educação e assistência social de 12 municípios que compõem a 28º Região de Saúde do RS. Essa dinâmica teve enfoque na integração dos serviços, profissionais e da rede de cuidados voltada à pessoa com deficiência.

Inicialmente, ocorreu uma breve apresentação do projeto e dos participantes. No decorrer das atividades foi proposta uma dinâmica de integração, na qual os participantes deveriam expressar, através de escrita ou desenho, algo que remetesse à temática do projeto.

Os participantes foram divididos aleatoriamente em três grupos para discussões de suas realidades locais relacionadas às pessoas com deficiências, por meio de questões norteadoras que abordaram o atendimento da pessoa com deficiência na rede de saúde, educação e assistência social; serviços e ações realizadas nos municípios; direitos a pessoa com deficiência; articulação da rede e perspectivas de melhorias. Posteriormente, cada grupo apresentou suas reflexões para o grande grupo.

As reflexões dos grupos a respeito do cuidado às pessoas com deficiência, contemplaram assuntos relacionados à qualidade do atendimento; escuta qualificada; resolutividade das questões; cuidado multidisciplinar e grupos focais para usuários, familiares e profissionais da área; inclusão social; acessibilidade aos locais e serviços de saúde; empoderamento dos usuários; importância dos familiares participarem do cuidado e o enfrentamento necessário do preconceito que ainda existe em alguns pontos.

Em contrapartida os grupos também apresentaram opiniões quanto às dificuldades encontradas na articulação entre os setores, no acolhimento e no entendimento da demanda trazida pelo sujeito; a necessidade do município ter atendimento qualificado e integral para cada tipo de deficiência, ressaltando a importância dos profissionais possuírem conhecimento sobre as políticas de saúde que regem o cuidado a esses grupos; necessidade de educação permanente para os profissionais da rede sobre a temática; e a dificuldade ainda existente na conscientização da população a respeito das prioridades da pessoa com deficiência.

Este momento de discussão e reflexão entre profissionais da educação, saúde e serviço social, de diferentes municípios proporcionou um olhar amplo e diferenciado acerca da rede de cuidado às pessoas com deficiência, possibilitando a relação das realidades locais de cada profissional participante dessa oficina. A partir disso, os participantes puderam pensar sobre a articulação intersetorial dos diferentes serviços existentes, nos seus municípios, que prestam o cuidado às pessoas com deficiência, possibilitando o planejamento de ações voltadas a melhoria da rede de cuidados à essa população.

 

Resultados e/ou impactos:

Busca-se, através das atividades de oficinas e grupos de trabalho cooperativos, a formação de multiplicadores, permitindo a dispersão e disseminação das estratégias de educação permanente nos locais de trabalho dos mesmos.  Incentivam-se, dessa forma, diálogos entre os trabalhadores, gestores e usuários, intermediando e problematizando sobre as situações relacionadas à saúde das pessoas com deficiência.

Assim, o encontro de saberes e as diferentes abordagens, vivências e experiências dos sujeitos envolvidos nos encontros, em uma perspectiva de educação permanente, tende a contribuir para uma melhor análise do contexto, visando à saúde, bem estar e qualificação da atenção para as pessoas com deficiência, apontando para um panorama mais amplo, fortalecendo e qualificando o cuidado em saúde no território.

Além disso, espera-se fomentar a articulação intersetorial dos segmentos implicados com a atenção à saúde das pessoas com deficiência na região: controle social, gestão, atenção à saúde e educação/formação. Neste contexto, as oficinas complementam a educação permanente em saúde, sendo fundamental para a organização de um cuidado equânime e integral, bem como para o desenvolvimento da humanização nas práticas em saúde desta população. Deste modo, espera-se colaborar na implementação da referida rede, bem como incentivar a utilização de estratégias de Educação Permanente em Saúde neste processo, colaborando, desta maneira, para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde na região.

 

Considerações finais:

As estratégias de educação permanente em saúde voltadas à rede de cuidado à saúde das pessoas com deficiência fomentam discussões, reflexões e debates, culminando em decisões que se transformem em práticas e ações, em prol de mudanças, transformações ou aprimoramentos dos processos de trabalho no Sistema Único de Saúde. A partir disso, as oficinas proporcionaram uma maior resolutividade, aceitação e compartilhamento entre os diferentes profissionais que compõem o coletivo de trabalho da rede, e destes com os usuários do sistema.

 


Palavras-chave


Pessoa com Deficiência; Intersetorialidade; Educação Permanente