Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-05-27
Resumo
INTRODUÇÃO: As pessoas acometidas por algum transtorno/sofrimento psíquico representam 10% (OMS, 2015) da população mundial. A maioria dos diagnósticos são considerados crônicos, sendo assim essas pessoas necessitam de cuidado integral e continuado. A escuta, o interesse pela pessoa, a construção de vínculos de confiança representa excelente possibilidade de um cuidado compartilhado entre trabalhador-usuário. Tais instrumentos tecnológicos são descritos por Merhy(2002) como tecnologia leve e a apropriação dela pelo profissional confere a pessoa com transtorno psíquico um protagonismo sobre o cuidar. Sob este olhar, este estudo traz a vivência de um grupo de enfermeiras que tem pensado o cuidado em um hospital psiquiátrico universitário. Esse movimento se deu pela troca de experiências entre as enfermeiras dialogando com as pessoas internadas. E, por fim, tem como objetivo evidenciar a potência do encontro entre enfermeiras e pessoas em sofrimento psíquico ampliando a concepção dos cuidados à luz da tecnologia leve e do relacionamento terapêutico proposto por Peplau. Esta reflexão procura transbordar as práticas que se limitam ao cuidado convencional e apontam para boas práticas que se pautam na criatividade e na sensibilidade. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo qualitativo, do tipo relato de experiência que ocorreu no período de outubro de 2016 a fevereiro de 2017. O cenário de estudo foi um Hospital psiquiátrico universitário e os participantes do estudo foram pessoas com diagnósticos psiquiátricos que se encontravam internadas no referido período. Se construiu a partir do diário de campo e da observação participante que eram realizados nas atividades coletivas onde o relacionamento interpessoal apontou caminhos inovadores sobre o cuidado durante sua internação. RESULTADOS: Esta abordagem tem assegurado um lugar para que a pessoa em sofrimento psíquico construa seus recursos para lidar com um momento mais agudo, refletir sobre os cuidados durante o período crônico e oferecer aos enfermeiros uma potente ferramenta de apredizado-cuidado. Consequentemente, reconhece a importância de se estabelecer outros espaços fora do setting clássico (enfermaria). Viabiliza um acolhimento ao sujeito e não ao sintomas. Tais cuidados garantem uma internação mais consciente e reflexiva. CONCLUSÃO: As práticas acolhedoras e sensíveis ao sofrimento psíquico são instrumentos potentes para assegurar um cuidado ampliado e subjetivo capaz de melhorar o relacionamento entre cuidador-cuidado e ainda produz práticas de empoderamento para as pessoas com transtornos psíquicos. Este estudo sugere que haja espaços contínuos de discussão acerca desses cuidados.