Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA ATIVA NA CONSTRUÇÃO DE UM GUIA DE VIGILÂNCIA DO ÓBITO RELACIONADO AO TRABALHO
Cátia Andrade Silva de Andrade, Iracema Viterbo Silva, Ana Carina Dunham Monteiro, Kamile Miranda Lacerda Serravalle

Última alteração: 2017-12-14

Resumo


O presente estudo trata-se de um relato de experiência, que objetiva demonstrar e analisar a utilização das metodologias ativas na construção de um guia de vigilância do óbito, por causas externas, potencialmente relacionadas ao trabalho. A relevância deste estudo fica evidente, na medida em que se observa na prática de saúde, a necessidade de se planejar e construir produtos oriundos de conhecimentos coletivos que, indubitavelmente, favoreçam a participação de todos os envolvidos, como protagonistas e responsáveis pela criação de estratégias/instrumentos que serão utilizados para intervenção em sua própria realidade laboral. Nesse contexto salienta-se que, especificamente, no que tange a vigilância dos óbitos relacionados ao trabalho, as metodologias ativas configuraram-se como excelentes ferramentas, tendo em vista que muitos dos profissionais envolvidos já possuíam suas próprias estratégias de intervenção, contudo sem um consenso que estruturasse as estratégias de forma a torná-las coerentes e eficazes no alcance do desfecho: óbito decorrente de acidente de trabalho típico ou de percurso. A opção na utilização dessas metodologias como base de fundamentação e orientação para construção do guia de vigilância, ocorreu lastreada no entendimento de que a metodologia ativa possibilita uma maior interação entre os participantes, bem como permite a participação coletiva de todos os envolvidos, de modo que todos possam contribuir na medida de suas potencialidades/habilidades e de forma equânime, com a formação do produto objetivado. Nesse sentido, faz-se precípuo esclarecer a compreensão que o grupo de trabalho (GT) possui a cerca da metodologia ativa, entendida como uma concepção educacional que reposiciona os envolvidos como agentes responsáveis pela condução do próprio processo de construção dos saberes. Constata-se, que a mesma é amplamente utilizada em processos educacionais e de trabalho, porque permite a participação, o exercício da autonomia, e o estímulo a critica e a reflexão. Destaca-se, que existem inúmeras vantagens na utilização dessas metodologias, que se estendem além dos ambientes educacionais alcançando os espaços de trabalho, elas são centradas no estimulo a colaboração e a parceria, no respeito às opiniões diversas, no exercício ao alcance do consenso, no fomento a construção de soluções em equipe, na legitimação do produto da construção coletiva como objeto de pertença, que será mais facilmente incorporado ao ambiente de trabalho para o qual foi pensado como nova tecnologia.  Para elaboração do guia, foram seguidas as etapas: formação de um grupo de estudo composto por profissionais de saúde da área de saúde do trabalhador; planejamento estratégico situacional; construção do guia; construção do instrumento de investigação; e validação do guia e do instrumento. As metodologias ativas utilizadas para construção do guia foram: dinâmica para identificação de problemas; dinâmica para priorização de problemas (árvore de problemas); montagem de matriz decisórias (problema, valor, interesse, magnitude, vulnerabilidade e atribuição de nota de 0-10); matriz de mapeamento de atores sociais (ator social, valor e interesse); dinâmica para a construção da árvore explicativa (problema, causas, descritores, nós críticos e conseqüências); dinâmica para a construção das intervenções (plano de ações simplificado: local do problema, problema, nó crítico, resultado esperado, ações e atividades, responsáveis, parceiros/eventuais opositores, indicadores estatísticos/qualitativos para avaliação, recursos necessários e prazos); dinâmica para a construção de viabilidade para o plano de ação (ações conflitivas do plano, recursos necessários, recursos que temos e não temos, viabilidade, e estratégia para aumentar a viabilidade); dinâmica para a gestão do plano (ação em ordem de precedência, situação, resultados, dificuldades, e novas ações e/ou ajustes); construção da planilha orçamentária (ações, data inicial, data final, despesas de custeio, despesas de investimento e custo total). Após a construção do guia e do instrumento para investigação do óbito relacionado ao trabalho, criou-se novo GT com a integração de profissionais de saúde da Rede Nacional de Saúde do Trabalhador do Estado da Bahia (RENAST/BA), para revisar e ajustar o produto para validação. Em seguida, ocorreu a validação em oficinas baseadas em exposição dialogada, estudos de caso, e casos de óbitos para investigação prévia, com a participação de técnicos de saúde dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) e técnicos de saúde da vigilância em saúde do Estado da Bahia. Concluiu-se, ao final de todo o processo de planejamento e construção do guia e do instrumento de investigação, que o uso das metodologias ativas possibilitou a identificação dos problemas, a problematização das situações com carência de intervenção e a produção coletiva e legitimada de documentos que serão utilizados pelos próprios atores sociais envolvidos, por fim, possibilitou a transformação dos conteúdos e do próprio processo de conhecimento no sentido da construção do saber significativo.


Palavras-chave


metodologias ativas; vigilância do óbito; saúde do trabalhador