Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2017-12-20
Resumo
Introdução
O eixo norteador das ações inovadoras e interdisciplinares é a educação em saúde, buscando atuar com assuntos que estejam presentes no cotidiano e também no ambiente em que vivem e convivem jovens e adultos, como as escolas.
Na adolescência ocorrem diversas modificações, exigindo maior atenção dos profissionais da saúde. A sexualidade é um assunto recorrente no nosso dia-a-dia, assim como os riscos que a falta de proteção durante o ato sexual traz para o indivíduo. Normalmente é durante a adolescência que surgem as primeiras curiosidades a respeito do sexo e é nesse momento também que o jovem tem sua primeira relação sexual.
O uso do preservativo possui a função de proteger a gravidez indesejada, além de prevenir as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), como o HPV, que representa a segunda causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.
A adolescência também é o período em que adquirimos conhecimentos e atitudes que podem ser levadas no decorrer da vida. A infusão de novos conhecimentos faz com que o jovem possa optar por ter uma melhor qualidade de vida. Dentro de todos os assuntos já citados, também devemos dar atenção especial às dores e desconfortos que os jovens podem sentir. Muitas vezes, essas dores estão associadas ao transporte de seu material escolar, como o excesso de peso na mochila e a forma em que ela é transportada.
Metodologia
Este relato de experiência faz parte de um projeto PIBEX, realizado no ano de 2017 no Instituto Estadual de Educação Professor Annes Dias, localizado na cidade de Cruz Alta/RS.
Participaram deste projeto diversos cursos: Fisioterapia, Medicina Veterinária, Farmácia, Biomedicina e Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Cruz Alta/UNICRUZ.
Ao total, foram cerca de mil alunos envolvidos com a pesquisa e os trabalhos desenvolvidos na escola. Inicialmente foram aplicados quatro questionários, em sala de aula, para conhecer a vulnerabilidade em que os alunos estão inseridos. Os questionários eram referentes ao conhecimento do uso do preservativo e sua importância nas relações sexuais, a gravidez não planejada na adolescência, a percepção das alunas referente ao conhecimento e a prática na realização do exame preventivo do câncer cervical, infecção pelo HPV e as dores e desconfortos corporais devido ao uso da mochila sentido pelos alunos e a forma que transportam seus materiais diariamente para a escola.
Após a análise dos dados, foram elaboradas oficinas de educação em saúde com espaços para tira-dúvidas, distribuição de folders educativos e preservativos masculinos e femininos.
Resultados
Referente ao uso do preservativo, a amostra total do estudo foi composta por 615 estudantes. Destes, 63% (n=387) relataram que a primeira relação sexual ocorreu antes dos 18 anos e apenas 43% (n=265) relataram que utilizaram o preservativo em sua primeira relação sexual.
Vinte e nove estudantes informaram que foram mães adolescentes ou que estavam grávidas durante a pesquisa. Destas, 55% (n=16) não planejaram sua gravidez, 76% (n=22) estavam estudando quando engravidaram e 48% (n=10) tiveram que deixar a escola após engravidar. Os métodos contraceptivos mais conhecidos pelas adolescentes foram pílula e a camisinha, respectivamente.
Sobre o HPV, participaram da pesquisa 391 mulheres. Quando questionadas sobre o exame Papanicolau: 40,5% (n=153) relataram que já ouviram falar e sabiam do que se tratava; 24,95 (n=94) já ouviram falar, porém não sabem o que é e 34,7% (n=131) nunca ouviram falar deste exame.
Sobre o vírus HPV: 84,8% (n= 313) sabem o que; 11,9% (44) relataram que já ouviram falar, mas não sabem o que é e 3,3% (n=12) nunca ouviram falar.
Na pesquisa sobre dores e desconfortos posturais participaram 386 alunos e foi constatado que 73% (n=281) usam mochila e 26% (n=100) usam fichários ou outros meios. 55% (n=155) dos alunos relataram que usam a mochila de maneira correta; 7% (n=20) relataram que sentem dificuldades em tirar ou colocar a mochila das costas referindo também que sentem dores em diversos sítios anatômicos e 19% (n=53) dizem que sua mochila deixam marcas em seus ombros.
Os resultados dos dados analisados foram entregues junto à escola para que todos pudessem verificar o conhecimento e a vulnerabilidade dos alunos. Foram distribuídos diversos folders explicativos sobre todos os temas abordados para que a comunidade escolar tivesse um melhor conhecimento sobre os assuntos. Também foram realizadas oficinas com espaços para sanar dúvidas e esclarecer os dados encontrados. Houve também o encaminhamento de alunos para testagem de IST’s, HIV/aids, Sífilis e Hepatites (em casos necessários) e a distribuição de preservativos durante as atividades, bem como a colocação de um dispenser na escola para que o aluno possa ter acesso diário à camisinha.
Considerações finais
Neste projeto de pesquisa e extensão realizado com adolescentes e adultos jovens, constatou-se que, embora conheçam e tenham fácil acesso aos preservativos, seu uso ainda é considerado baixo, principalmente após o jovem já ter tido várias relações sexuais, podendo acarretar em gravidez não planejada ou adquirir algum tipo de IST.
São poucos os casos em que a gravidez na adolescência é planejada. O seu acontecimento pode acarretar em alguns transtornos, como a necessidade de abandonar os estudos para cuidar do filho.
Referente ao HPV tornou-se evidente a necessidade da transmissão de informações referente ao tema, pois foi notória a existência da falta de conhecimento relacionadas a essa temática.
Quanto às dores e desconfortos, evidenciou-se a necessidade de um programa de conscientização para que os mesmos atentem para a forma correta de transportar a mochila e desta forma poder eliminar ou diminuir as dores e desconfortos.