Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Conversas sobre descolonizar a Universidade, tecendo redes para transformar
Carla Pontes de Albuquerque, Iara Tienne de Lima Melo, Anna Caroline Ramos Oliveira, Maria Fernanda Lopes de Araújo, Maria de Fátima Lima Santos, Vinicius da Silva, Isabela Lacerda e Silva, Vanessa Bezerra dos Santos

Última alteração: 2022-02-04

Resumo


APRESENTAÇÃO: O relato de experiência tem o intuito de compartilhar uma das muitas experiências do Coletivo Sumaúma da UNIRIO, nele está imbuído a importância de buscar promover no meio acadêmico novos pensamentos e práticas que abarque outras cosmovisões para além da concepção ocidental hegemônica. O coletivo atua no campo da saúde coletiva, confluindo diálogos com as diversas esferas que a compõem. Opera cartografias territoriais, com escuta e interlocuções cuidadosas às diversidades dos grupos populacionais que lá vivem. Tem buscado aprender com os encontros nos territórios, o exercício da interculturalidade crítica na formação e cuidado na saúde.

 

SOBRE A EXPERIÊNCIA: A partir da problematização de vivências curriculares formativas muito aderidas à racionalidade biomédica, em dezembro de 2021 o coletivo organizou uma transmissão ao vivo pelo youtube: “Roda de Conversa: Não sucumbiremos ao Colonialismo, inventaremos Novos Mundo!” (https://www.youtube.com/watch?v=DbbM6HSBoN8&t=1204s). Foram convidados os pensadores Vinícius da Silva (estudante de Belas Artes da UFRJ) e Fátima Lima (Docente de Saúde Coletiva UFRJ Macaé / Pós Graduação em Relações Inter Étnicas do CEFET RJ) para o agenciamento temático "Não sucumbiremos ao colonialismo, inventaremos novos mundos". O encontro ao vivo e gravado foi instigante, nele emergiram referências à produção reflexiva sobre a temática em interlocução com as vivências relatadas.  Durante a roda de conversa foram problematizadas estratégias de modernização/contemporenização que a colonialidade/colonização utiliza para seguir legitimando sua dominação sobre diferentes grupos na atualidade. Evidenciou se as diversas dimensões em que o racismo, classismo, etnocentrismo e outras violências epistêmicas e políticas atuam e como é possível criar ferramentas para superação cotidiana destas. Não basta apenas elencar esta problemática dentro da universidade, mas também elaborar estratégias para expressar/divulgar experiências concretas de contraponto à esta matriz.

IMPACTOS: Tal vivencia gerou fortalecimento para o enfrentamento dessa significativa problemática dentro da universidade, resultando em incentivo acadêmico no sentido de desenhar percursos para além da matriz acadêmica tradicional (eurocentrada e norte americanizada). Nessa perspectiva, foi possível expressar com contundência que a universidade, ainda que nos últimos anos tenha passado por políticas de ampliação de acesso, reproduz forte resistência à superação de suas bases epistemológicas colonizadoras. Tal descompasso se traduz em inadequação e reverberada violência institucional cotidiana que atinge importante parte da própria comunidade universitária e os grupos populacionais elencados em seus processos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: Produzir linhas de fuga, buracos nos muros e tecer redes vitalizantes para a desterritorialização de modelos formalizados e despotentes coloca docentes e estudantes que tomam esta deriva em lugares não conformados. Esta caminhada não se faz de forma solitária, é preciso seguir tecendo redes dentro e fora da universidade, ou melhor encontrando permeabilidades nas fronteiras. A luta e a poética são diárias para que não se sucumba à perversa ordem competitiva e capitalista. Os territórios universitários são trincheiras mas também praças onde a criação de novos conviveres está em permanente acontecimento