Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-02-04
Resumo
APRESENTAÇÃO: O relato de experiência tem o intuito de compartilhar uma das muitas experiências do Coletivo Sumaúma da UNIRIO, nele está imbuído a importância de buscar promover no meio acadêmico novos pensamentos e práticas que abarque outras cosmovisões para além da concepção ocidental hegemônica. O coletivo atua no campo da saúde coletiva, confluindo diálogos com as diversas esferas que a compõem. Opera cartografias territoriais, com escuta e interlocuções cuidadosas às diversidades dos grupos populacionais que lá vivem. Tem buscado aprender com os encontros nos territórios, o exercício da interculturalidade crítica na formação e cuidado na saúde.
SOBRE A EXPERIÊNCIA: A partir da problematização de vivências curriculares formativas muito aderidas à racionalidade biomédica, em dezembro de 2021 o coletivo organizou uma transmissão ao vivo pelo youtube: “Roda de Conversa: Não sucumbiremos ao Colonialismo, inventaremos Novos Mundo!” (https://www.youtube.com/watch?v=DbbM6HSBoN8&t=1204s). Foram convidados os pensadores Vinícius da Silva (estudante de Belas Artes da UFRJ) e Fátima Lima (Docente de Saúde Coletiva UFRJ Macaé / Pós Graduação em Relações Inter Étnicas do CEFET RJ) para o agenciamento temático "Não sucumbiremos ao colonialismo, inventaremos novos mundos". O encontro ao vivo e gravado foi instigante, nele emergiram referências à produção reflexiva sobre a temática em interlocução com as vivências relatadas. Durante a roda de conversa foram problematizadas estratégias de modernização/contemporenização que a colonialidade/colonização utiliza para seguir legitimando sua dominação sobre diferentes grupos na atualidade. Evidenciou se as diversas dimensões em que o racismo, classismo, etnocentrismo e outras violências epistêmicas e políticas atuam e como é possível criar ferramentas para superação cotidiana destas. Não basta apenas elencar esta problemática dentro da universidade, mas também elaborar estratégias para expressar/divulgar experiências concretas de contraponto à esta matriz.
IMPACTOS: Tal vivencia gerou fortalecimento para o enfrentamento dessa significativa problemática dentro da universidade, resultando em incentivo acadêmico no sentido de desenhar percursos para além da matriz acadêmica tradicional (eurocentrada e norte americanizada). Nessa perspectiva, foi possível expressar com contundência que a universidade, ainda que nos últimos anos tenha passado por políticas de ampliação de acesso, reproduz forte resistência à superação de suas bases epistemológicas colonizadoras. Tal descompasso se traduz em inadequação e reverberada violência institucional cotidiana que atinge importante parte da própria comunidade universitária e os grupos populacionais elencados em seus processos.CONSIDERAÇÕES FINAIS: Produzir linhas de fuga, buracos nos muros e tecer redes vitalizantes para a desterritorialização de modelos formalizados e despotentes coloca docentes e estudantes que tomam esta deriva em lugares não conformados. Esta caminhada não se faz de forma solitária, é preciso seguir tecendo redes dentro e fora da universidade, ou melhor encontrando permeabilidades nas fronteiras. A luta e a poética são diárias para que não se sucumba à perversa ordem competitiva e capitalista. Os territórios universitários são trincheiras mas também praças onde a criação de novos conviveres está em permanente acontecimento