Introdução: a obesidade é considerada um problema de saúde pública mundial e está associada a um risco aumentado de mortalidade entre pessoas com Covid-19, sendo que a taxa de mortalidade aumenta proporcionalmente com o Índice de Massa Corpórea (IMC) do indivíduo. Objetivo: Analisar a mortalidade de Covid-19 em pessoas com obesidade no estado de São Paulo. Métodos: Trata-se de um estudo ecológico, retrospectivo e analítico no estado de São Paulo. Os dados foram coletados no Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), referente ao período de fevereiro de 2020 a julho de 2021. Para a análise de comparação de dados dos casos de Covid-19 adotou-se N = 168.808. As comparações foram analisadas por meio do modelo de regressão log-binomial e cálculo de risco relativo. O modelo comparando pacientes com e sem obesidade foi ajustado por sexo, faixa etária, cardiopatia e diabetes, possíveis variáveis de confusão. Resultados:  Foram registrados 39.030 casos de Covid-19 entre pessoas com algum grau de obesidade no período analisado no estado de São Paulo. A análise comparativa mostrou que pessoas infectadas por Covid-19 e com algum grau de obesidade apresentaram 26% maior risco de morte quando comparadas às pessoas sem obesidade. Na comparação segundo o sexo e faixa etária de indivíduos com obesidade, as mulheres nas faixas etárias de 31 a 40 anos, 41 a 50 anos, 71 a 80 anos e maiores de 90 anos apresentaram menor risco de mortalidade quando comparadas aos homens. Pessoas com obesidade apresentaram maior risco de morte em praticamente todas as faixas etárias quando comparadas às pessoas sem obesidade, exceto nas faixas etárias de 0 a 20 anos e acima de 90 anos. Além disso, foi identificado que tanto em pessoas infectadas por Covid-19 com e sem obesidade, na comparação entre as faixas etárias, a população jovem apresentou menor risco de mortalidade. Discussão: A relação da obesidade e a gravidade do Covid-19 podem estar relacionadas a alteração na resposta imune e sistema respiratório enfraquecido devido ao quadro de obesidade. Estudos apontaram que a expressão da enzima conversora da angiotensina 2 do SARS-CoV-2 é maior no tecido adiposo do que no tecido pulmonar, logo, o tecido adiposo em excesso pode exacerbar quadros da infecção de Covid-19. Também, uma hipótese para explicar a maior suscetibilidade do sexo masculino a desenvolver Covid-19 grave, pode estar relacionado a uma possível proteção do cromossomo X e dos hormônios sexuais. Considerações finais: Pessoas com algum grau de obesidade e com Covid-19 possuem um risco aumentado de mortalidade quando comparadas as pessoas sem obesidade. Nesse sentido, é essencial a identificação nos sistemas de saúde da obesidade como um fator de risco em infecções virais, ofertando maior atenção a esses indivíduos independentemente da faixa etária.