Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
POLÍTICAS ESTRATÉGICAS NO PRÉ-NATAL: CAMINHOS DE FORMAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO PERMANENTE NO TERRITÓRIO
Beatriz Andrade, Caio César Ferreira Alverga, Mayra Ramos Barbosa Silva, Aline Lira Rocha, Cristina Valença Azevedo Mota, Acaahi Seja de Paula Costa, Jonathan Cordeiro Morais

Última alteração: 2022-02-11

Resumo


As Políticas Estratégicas são conhecidas por englobarem diversos segmentos de atenção à saúde da população, como por exemplo: a população Negra, Quilombola, Indígena, LGBT, Criança e Adolescente, Homem, Pessoa Idosa, Mulher, Pessoas com Deficiência, População em situação de Rua, Pessoas que fazem uso danoso e dependência de álcool e outras drogas e Pessoas com transtornos mentais.

Tais segmentos - entre outros não mencionados acima - são estrategicamente evidenciados na formulação das políticas públicas, a partir da concepção de que, alguns grupos dentro da sociedade são mais suscetíveis às iniquidades em saúde do que outros, por se encontrarem em estado de vulnerabilidade.

A fim de contribuir para a qualificação da atenção e gestão do cuidado no território, a formação DPE Itinerante – Caminhos de Formaçãoé uma ação idealizada pela Diretoria de Políticas Estratégicas em parceria com a Superintendência de Atenção Primária a Saúde e a Escola de Governo em Saúde Pública da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, buscando a inovação nos processos de formação e ensino para o trabalho, no que concerne a Educação Permanente em Saúde, portanto a formação é ofertada aos profissionais e gestores do Sistema Único de Saúde que atuam na Atenção Primária, visando a qualificação do processo de trabalho com vistas à consolidação da equidade no desenvolvimento do pré-natal.  Deste modo, buscamos compreender o processo de trabalho realizado no pré-natal pelas equipes de saúde da família, para assim contribuir na mudança da abordagem individual para a perspectiva coletiva.

A construção pedagógica da formação foi elaborada coletivamente entre corpo técnico da Diretoria de Políticas Estratégicas, da Superintendência de Atenção Primária e da Escola de Governo de Saúde Pública do estado de Pernambuco, a partir de reuniões sistemáticas, ao qual resultou na Matriz Pedagógica da formação – curso de extensão. A Escola também desempenhou o papel de entidade certificadora da formação, atuando também na formação de facilitadores.

A formação é fundamentada na Metodologia Ativa de Ensino, que “(...) tem uma concepção de educação crítico-reflexiva com base em estímulo no processo ensino-aprendizagem, resultando em envolvimento por parte do educando na busca pelo conhecimento.

Dentro deste conceito, existe a construção de uma situação problema, que proporciona uma reflexão crítica, mobilizando o educando para buscar o conhecimento, ajudando na reflexão e a proposição de soluções mais adequadas.

Nessa perspectiva, há são cinco (05) etapas que se desenvolvem a partir de um recorte da realidade, e que para ela retornam:

a) a observação da realidade e a identificação do problema;

b) os pontos-chave;

c) a teorização;

d) as hipóteses de solução; e

e) a aplicação à realidade.

 

Assim, ao permitir a aproximação entre teoria e prática, esse movimento crítico-reflexivo possibilita ao discente preparar-se melhor para encontrar respostas aos problemas de saúde, levando em conta os determinantes sociais que influenciam nas condições de vida e nas intervenções em saúde.

A matriz pedagógica do curso versa sobre os seguintes eixos fundamentais:

a) Determinantes Sociais de Saúde;

b) Singularidades e subjetividades envolvidas na realização do pré-natal no território;

c) Cenários do Pré-natal;

d) Atenção Primária à Saúde enquanto coordenadora do cuidado e ordenadora da rede;

e) Realidade do Pré-natal na APS;

f) Planejamento do cuidado no pré-natal;

g) Avaliação.

 

A formação tem duração de dois (02) dias, somada as atividades de dispersão, que compuseram uma carga horária total de 20 horas/aula, esta ocorreu na II Região de Saúde do estado de Pernambuco, composta por vinte (20) municípios, que totaliza uma população de 598.530 habitantes, segundo o Caderno de Informações de 2018, elaborado e disponibilizado no endereço eletrônico da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco.

O público-alvo é composto por profissionais de saúde e gestores do SUS que atuem na II Região de Saúde do estado, prioritariamente na Atenção Primária. Sendo os grupos priorizados:

  1. Profissionais das Equipes de Saúde da Família (Médicos, Enfermeiros e Técnicos/Auxiliares de enfermagem, Agentes Comunitários de Saúde, Cirurgiões Dentistas e Técnicos/Auxiliares em Saúde Bucal);
  2. Profissionais das Equipes de Saúde da Família no Sistema Prisional (EAPB);
  3. Profissionais do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB);
  4. Profissionais da Academia da Saúde;
  5. Profissionais do Canto Mãe Coruja;
  6. Gestores Municipais (Coordenadores de Atenção à Saúde e/ou Atenção Básica);

 

A representação profissional observada concentra-se em categorias majoritárias, que são de profissionais de Enfermagem (16,3%), seguido dos Agentes Comunitários de Saúde (14,4%), profissionais Médicos e Técnicos de Enfermagem com (11,5%).

Inicialmente, o DPE Itinerante - Caminhos de Formação objetivou o estímulo a mudança no processo de trabalho quanto ao cuidado e acolhimento das populações em estado de vulnerabilidade durante o período gravídico-puerperal.

Também aspirava a ampliação do número de Profissionais de Saúde corresponsáveis por seu território no desenvolvimento do pré-natal, buscando realizar a integralidade das ações de forma equânime e reconhecendo as subjetividades individuais e coletivas, com vistas à redução da mortalidade-materno infantil por causas evitáveis no território.

Ao final do primeiro módulo da formação, no período de avaliação colegiada, a iniciativa DPE Itinerante, foi concebida enquanto atividade propulsora de transformação da realidade, tendo em vista seu viés coletivo, crítico-refletivo e emancipatório.

Além de ser concebida, enquanto um processo de Educação Permanente em Saúde, cíclico e contínuo, também se apresenta enquanto uma competência estadual, referida no Art. 17 da Lei Orgânica da Saúde, quando expressa em seu texto a incumbência de prestar apoio técnico aos municípios, estando, portanto, dentro de sua competência legal.

Pôde-se perceber o impacto benéfico entre a articulação dos profissionais da atenção e gestão, de diferentes esferas de governo, na construção de um novo fazer em saúde, voltado à qualificação e humanização do cuidado em rede.

Em relação à devolutiva dos profissionais ao final da avaliação, foi percebido de forma massiva o reconhecimento da ação enquanto necessária e relevante no cotidiano de atuação dos profissionais, também como iniciativa propulsora na mudança do processo de trabalho em saúde.

Em relação à mudança nos indicadores de saúde, análises posteriores precisam ser realizadas, a fim acompanhar/monitorar os planos de ação, elaborados pelas referidas equipes, e constatar seu impacto na região de saúde e seus respectivos processos de visão de mundo postos nos sujeitos partícipes