Associação da Rede Unida, 15º Congresso Internacional da Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2022-02-11
Resumo
As Políticas Estratégicas são conhecidas por englobarem diversos segmentos de atenção à saúde da população, como por exemplo: a população Negra, Quilombola, Indígena, LGBT, Criança e Adolescente, Homem, Pessoa Idosa, Mulher, Pessoas com Deficiência, População em situação de Rua, Pessoas que fazem uso danoso e dependência de álcool e outras drogas e Pessoas com transtornos mentais.
Tais segmentos - entre outros não mencionados acima - são estrategicamente evidenciados na formulação das políticas públicas, a partir da concepção de que, alguns grupos dentro da sociedade são mais suscetíveis às iniquidades em saúde do que outros, por se encontrarem em estado de vulnerabilidade.
A fim de contribuir para a qualificação da atenção e gestão do cuidado no território, a formação “DPE Itinerante – Caminhos de Formação” é uma ação idealizada pela Diretoria de Políticas Estratégicas em parceria com a Superintendência de Atenção Primária a Saúde e a Escola de Governo em Saúde Pública da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, buscando a inovação nos processos de formação e ensino para o trabalho, no que concerne a Educação Permanente em Saúde, portanto a formação é ofertada aos profissionais e gestores do Sistema Único de Saúde que atuam na Atenção Primária, visando a qualificação do processo de trabalho com vistas à consolidação da equidade no desenvolvimento do pré-natal. Deste modo, buscamos compreender o processo de trabalho realizado no pré-natal pelas equipes de saúde da família, para assim contribuir na mudança da abordagem individual para a perspectiva coletiva.
A construção pedagógica da formação foi elaborada coletivamente entre corpo técnico da Diretoria de Políticas Estratégicas, da Superintendência de Atenção Primária e da Escola de Governo de Saúde Pública do estado de Pernambuco, a partir de reuniões sistemáticas, ao qual resultou na Matriz Pedagógica da formação – curso de extensão. A Escola também desempenhou o papel de entidade certificadora da formação, atuando também na formação de facilitadores.
A formação é fundamentada na Metodologia Ativa de Ensino, que “(...) tem uma concepção de educação crítico-reflexiva com base em estímulo no processo ensino-aprendizagem, resultando em envolvimento por parte do educando na busca pelo conhecimento.
Dentro deste conceito, existe a construção de uma situação problema, que proporciona uma reflexão crítica, mobilizando o educando para buscar o conhecimento, ajudando na reflexão e a proposição de soluções mais adequadas.
Nessa perspectiva, há são cinco (05) etapas que se desenvolvem a partir de um recorte da realidade, e que para ela retornam:
a) a observação da realidade e a identificação do problema;
b) os pontos-chave;
c) a teorização;
d) as hipóteses de solução; e
e) a aplicação à realidade.
Assim, ao permitir a aproximação entre teoria e prática, esse movimento crítico-reflexivo possibilita ao discente preparar-se melhor para encontrar respostas aos problemas de saúde, levando em conta os determinantes sociais que influenciam nas condições de vida e nas intervenções em saúde.
A matriz pedagógica do curso versa sobre os seguintes eixos fundamentais:
a) Determinantes Sociais de Saúde;
b) Singularidades e subjetividades envolvidas na realização do pré-natal no território;
c) Cenários do Pré-natal;
d) Atenção Primária à Saúde enquanto coordenadora do cuidado e ordenadora da rede;
e) Realidade do Pré-natal na APS;
f) Planejamento do cuidado no pré-natal;
g) Avaliação.
A formação tem duração de dois (02) dias, somada as atividades de dispersão, que compuseram uma carga horária total de 20 horas/aula, esta ocorreu na II Região de Saúde do estado de Pernambuco, composta por vinte (20) municípios, que totaliza uma população de 598.530 habitantes, segundo o Caderno de Informações de 2018, elaborado e disponibilizado no endereço eletrônico da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco.
O público-alvo é composto por profissionais de saúde e gestores do SUS que atuem na II Região de Saúde do estado, prioritariamente na Atenção Primária. Sendo os grupos priorizados:
- Profissionais das Equipes de Saúde da Família (Médicos, Enfermeiros e Técnicos/Auxiliares de enfermagem, Agentes Comunitários de Saúde, Cirurgiões Dentistas e Técnicos/Auxiliares em Saúde Bucal);
- Profissionais das Equipes de Saúde da Família no Sistema Prisional (EAPB);
- Profissionais do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB);
- Profissionais da Academia da Saúde;
- Profissionais do Canto Mãe Coruja;
- Gestores Municipais (Coordenadores de Atenção à Saúde e/ou Atenção Básica);
A representação profissional observada concentra-se em categorias majoritárias, que são de profissionais de Enfermagem (16,3%), seguido dos Agentes Comunitários de Saúde (14,4%), profissionais Médicos e Técnicos de Enfermagem com (11,5%).
Inicialmente, o DPE Itinerante - Caminhos de Formação objetivou o estímulo a mudança no processo de trabalho quanto ao cuidado e acolhimento das populações em estado de vulnerabilidade durante o período gravídico-puerperal.
Também aspirava a ampliação do número de Profissionais de Saúde corresponsáveis por seu território no desenvolvimento do pré-natal, buscando realizar a integralidade das ações de forma equânime e reconhecendo as subjetividades individuais e coletivas, com vistas à redução da mortalidade-materno infantil por causas evitáveis no território.
Ao final do primeiro módulo da formação, no período de avaliação colegiada, a iniciativa DPE Itinerante, foi concebida enquanto atividade propulsora de transformação da realidade, tendo em vista seu viés coletivo, crítico-refletivo e emancipatório.
Além de ser concebida, enquanto um processo de Educação Permanente em Saúde, cíclico e contínuo, também se apresenta enquanto uma competência estadual, referida no Art. 17 da Lei Orgânica da Saúde, quando expressa em seu texto a incumbência de prestar apoio técnico aos municípios, estando, portanto, dentro de sua competência legal.
Pôde-se perceber o impacto benéfico entre a articulação dos profissionais da atenção e gestão, de diferentes esferas de governo, na construção de um novo fazer em saúde, voltado à qualificação e humanização do cuidado em rede.
Em relação à devolutiva dos profissionais ao final da avaliação, foi percebido de forma massiva o reconhecimento da ação enquanto necessária e relevante no cotidiano de atuação dos profissionais, também como iniciativa propulsora na mudança do processo de trabalho em saúde.
Em relação à mudança nos indicadores de saúde, análises posteriores precisam ser realizadas, a fim acompanhar/monitorar os planos de ação, elaborados pelas referidas equipes, e constatar seu impacto na região de saúde e seus respectivos processos de visão de mundo postos nos sujeitos partícipes