Associação da Rede Unida, Encontro Sul 2019
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2019-07-31
Resumo
O presente trabalho se remete a experiência vivenciada enquanto residentes de Medicina de Família e Comunidade (MFC) ao encontro com a Terapia Comunitária Integrativa (TCI), uma Prática Integrativa e Complementar (PICs) e ferramenta do cuidado, incorporada oficialmente à Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Ministério da Saúde. A TCI é uma abordagem de cuidado solidário realizada através de estratégias de acolhimento, vínculo e responsabilização por meio da palavra e de dinâmicas integrativas. Surgiu através do cruzamento entre a academia (saber científico) e a comunidade (saber popular) favorecendo a sistematização da TCI no nordeste brasileiro nos anos 1980, expandindo-se, a partir da atenção básica à saúde, para todo o país e exterior. Está ancorada em princípios teóricos como: o pensamento sistêmico, a antropologia cultural, a teoria da comunicação, a pedagogia de Paulo Freire e a resiliência, contando, ainda, com grande apoio das abordagens analíticas psicocorporais. Tem como objetivo principal demostrar como se deu o encontro com a TCI e de que forma ela vem contribuindo ao processo de formação na residência em MFC. Desenvolvimento do trabalho: os primeiros encontros com a TCI aconteceram no Bairro Vista Bela, próximo a UBS Padovani, como atividade da residência em MFC, com rodas de terapia que eram mantidas com uma terapeuta comunitária que também trabalha como agente comunitária na UBS Padovani. Resultados e/ou impactos: despertou nos residentes a curiosidade de conhecer como eram realizadas as rodas de TCI do bairro, pois até então nunca haviam participado. Após vivenciar as rodas de terapia, foi constatado que não se tratava de uma simples roda de conversa, pois havia uma metodologia pedagógica a ser seguida, além do profissional capacitado, ter experiência e empatia para trabalhar com o grupo. Alguns meses após a participação nas primeiras rodas, dois residentes iniciaram o curso de TCI com encontros em um final de semana ao mês, com duração de nove meses. A cada encontro uma nova descoberta pessoal e coletiva se revelava. Uma das preceptoras de MFC também está participando do curso, o que veio fortalecer ainda mais todo processos vivenciado. Atualmente as rodas de TCI acontecem semanalmente na UBS Padovani. Considerações finais: Portanto a TCI tem contribuído significativamente ao processo de formação do médico residente, transformando a vida de todos os participantes em vários aspectos, seja profissional, seja pessoal. O mergulho em si mesmo, necessário para que essa transformação ocorra, proporciona um novo olhar, uma nova escuta ao acolhimento do sofrimento humano, das dores da alma, das inquietações. Assim a TCI é capaz de mudar vidas e se apresenta como mais um instrumento na arte de cuidar do outro.