Associação da Rede Unida, Encontro Sul 2019
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2019-07-31
Resumo
Apesar da geração atual ter maior flexibilidade para discutir sobre questões da sexualidade, este tema ainda é um tabu quando se trata de relacioná-lo com a terceira idade, e em como pessoas nessa fase da vida a vivenciam. Neste trabalho, relataremos a experiência da participação dos profissionais da Residência Multiprofissional em Saúde da Mulher da Universidade Estadual de Londrina no “NASF Forró”. Trata-se de uma festa junina anual, promovida pelas equipes de Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) em parceria com a Secretaria do Idoso do município de Londrina, e é aberta para todos/as idosos/as que participam dos grupos do NASF. O evento conta com diversas atividades como: música ao vivo, danças, concursos, barracas e espaços para as categorias profissionais (educação física, farmácia, fisioterapia, nutrição e psicologia), com o objetivo de promover a descontração e apresentar estratégias para estilo de vida mais saudável. Além destas propostas, também aconteceu o correio elegante que proporciona a troca de recados entre os/as idosos/as e entre profissionais. Quando os profissionais abordaram as pessoas para oferecer a possibilidade de escrever um recado para alguém, foram observadas diversas reações. Algumas de prontidão enviaram recados aos profissionais de educação física dos grupos, outras reagiam com risadas envergonhadas, e ainda algumas perguntavam se tínhamos visto algum senhor ou senhora sozinho(a). Com um espaço aberto para tratar sobre “paqueras” algumas mulheres conversaram sobre suas vivências e interesses sexuais, outras enviaram recados anônimos, e outras apenas pela brincadeira pediam para entregar para amigos e amigas. Em nenhum momento o objetivo central da proposta foi “arranjar” casais. O manejo da brincadeira foi realizado com o cuidado necessário para ninguém sentir-se ofendido(a), exposto(a) ou magoado(a), e possibilitou que aqueles que tinham interesse, conversassem sobre questões relativas à sexualidade, mesmo que indiretamente, em um lugar de escuta sem julgamentos sobre suas ações. Participar da brincadeira por si só foi avaliado como uma possibilidade de viver algo do desejo. Essa vivência possibilitou uma reflexão entre os profissionais da equipe da RMSM sobre a importância e das oportunidades de falar com a terceira idade sobre um tema que a sociedade, de modo geral, não entende e não valoriza, como a sexualidade na terceira idade, por meio da utilização de uma atividade cultural e artística como mediadora.